Baile da Dz7, Paraisópolis, São Paulo, Brasil.
Na madrugada de 01/12/2019, mais de 5 mil jovens e adolescentes se divertiam no Baile da DZ7, em Paraisópolis, quando policiais militares do 16° Batalhão iniciaram uma ação de extrema truculência. Eles usaram balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e cassetetes para fazer um cerco à rua principal do baile. Parte da multidão foi encurralada e comprimida no interior de uma viela, onde 9 jovens não resistiram e morreram asfixiados. Inúmeras outras pessoas sobreviveram gravemente feridas.
Na ocasião, a Polícia Militar fazia dois operativos em Paraisópolis: uma Operação Saturação, em razão da morte de um sargento no local, e uma Operação Pancadão, para inibir a formação do baile.
Policiais do 16° BPM/M cercam o Baile da DZ7, em Paraisópolis, e encurralam a multidão em uma viela. 9 jovens morrem asfixiados
Parte dos policiais envolvidos levam 9 jovens mortos para o Hospital do Campo Limpo
Outros 6 policiais envolvidos vão ao 89° D.P., onde alegam terem sido atacados e que as vítimas foram pisoteadas. No Boletim de Ocorrência, o caso foi registrado como tentativa de homicídio contra os policiais e morte suspeita das vítimas.
Moradores realizam protesto em Paraisópolis
Em coletiva de imprensa, o Governador João Dória, o Secretário de Segurança Pública João Camilo Pires de Campos e o Comandante-Geral da PMESP Marcelo Vieira Salles apresentam publicamente a versão dos policiais
O caso é transferido para o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoas (DHPP)
Dennys Guilherme, Denys Henrique, Luara Victoria, Gabriel Rogério, Eduardo, Gustavo e Bruno Gabriel são sepultados.
Procurador-Geral de Justiça designa Promotora do Tribunal do Júri para acompanhar a investigação do DHPP
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) organiza a 1ª reunião pública de acompanhamento do caso e mobilização da sociedade civil
Marcos Paulo é sepultado
Defensoria Pública do Estado de São Paulo inicia uma investigação defensiva no caso
Moradores realizam o 2° Protesto em Paraisópolis com caminhada até o Palácio dos Bandeirantes. O Governador e o Secretário de Segurança Pública recebem os manifestantes, lideranças comunitárias, representantes do Condepe e alguns dos familiares das vítimas
Mateus é sepultado na Bahia.
Condepe organiza a criação de uma comissão externa de acompanhamento das investigações do caso com a presença de familiares e da OAB.
Ato Ecumênico em Paraisópolis com a presença de familiares das vítimas e grafitagem nos muros da viela em que aconteceram as mortes.
Baile da DZ7 realiza ato de homenagem às 9 vítimas
O Governador se reúne com as famílias das 9 vítimas. Elas pedem que os policiais militares envolvidos no caso sejam afastados das ruas.
Governo anuncia afastamento de 38 policiais militares do trabalho operacional nas ruas.
Comitiva de secretários estaduais e municipais se reúnem com lideranças de Paraisópolis
Condepe realiza a 2ª reunião pública de acompanhamento do caso e mobilização da sociedade civil.
O Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) entra no caso, auxiliando a comissão externa do Condepe e oferecendo apoio técnico-científico à investigação defensiva da Defensoria Pública.
É formado o Movimento de Familiares das Vítimas do Massacre em Paraisópolis.
Fernanda Garcia, irmã de Denys Guilherme, acompanha comitiva da Coalizão Negra por Direitos à sessão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Porto Príncipe, Haiti, para denunciar o genocídio contra a população negra no Brasil.
No Palácio dos Bandeirantes, o Movimento de Familiares realiza o "Ato em Protesto pelas 9 vítimas do Massacre de Paraisópolis”. O Governador se recusa a receber os familiares.
É lançada a série de entrevistas Os 9 de Paraisópolis.
DHPP conclui inquérito e indicia 9 policiais militares por homicídio culposo.
Ministério Público denuncia 12 policiais militares por homicídio doloso triplamente qualificado à 1ª Vara do Júri do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Juiz de direito da 1ª vara do Júri recebe a denúncia.
No Vale do Anhangabaú, o Movimento de Familiares realiza o ato 2 anos do Massacre de Paraisópolis. Memória, Verdade e Justiça
Os Padres Júlio Lancellotti (Paróquia São Miguel Arcanjo e Pastoral do Povo de Rua de São Paulo) e Luciano Borges Basílio (Paróquia São José, Paraisópolis) celebram Missa na Catedral da Sé em homenagem aos 9 que Perdemos
Na Praça da Sé, o Movimento de Familiares realiza o ato Os 9 que Perdemos 3 anos do Massacre de Paraisópolis.
O Padre Júlio Lancellotti celebra Missa na Catedral da Sé em homenagem aos 9 que Perdemos.
O Movimento de Familiares realiza o ato Os 9 que perdemos. 3 anos do Massacre de Paraisópolis. Caminhada pela vida, verdade e justiça, do Metrô Capão Redondo até o Hospital Campo Limpo.
Relatório de análise multidisciplinar do CAAF sobre a ação policial é anexado ao processo judicial
Mobilização para a 1ª Audiência do caso e panfletagem do Movimento de Familiares em Paraisópolis
É realizada a 1ª Audiência de instrução, debates e julgamento da primeira fase do procedimento de Júri
Em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, o Movimento de Familiares realiza o ato: A hora da Justiça. Primeira Audiência do caso Paraisópolis.
Na Av. Paulista, o Movimento de Familiares realiza o ato 4 anos do Massacre no Baile da DZ7 em Paraisópolis
É realizada a 2ª Audiência de instrução, debates e julgamento. Pesquisadoras do CAAF dão depoimento sobre seu relatório técnico.
Em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, o Movimento de Familiares realiza o ato A hora da Justiça. Segunda Audiência do caso Paraisópolis
Falece Dona Maria das Graças Reis da Silva, mãe de Bruno Gabriel
É realizada a 3ª Audiência de instrução, debates e julgamento.
Familiares deram depoimentos sobre Os 9 que perdemos e as violências vivenciadas pelas famílias desde o massacre.
Em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, o Movimento de Familiares realiza o ato: Amanhecer por Justiça! 3ª Audiência do caso de Paraisópolis.
É realizada a 4ª Audiência de instrução, debates e julgamento.
Testemunhas de defesa dos réus começam a ser ouvidas.
Em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, o Movimento de Familiares realiza o ato: Amanhecer por Justiça! 4ª Audiência do caso de Paraisópolis.
É realizada a 5ª Audiência de instrução, debates e julgamento.
Testemunhas de defesa dos réus seguem sendo ouvidas.
Em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, o Movimento de Familiares realiza o ato: 5ª Audiência do Massacre de Paraisópolis.
Em frente ao Palácio dos bandeirantes, o Movimento de Familiares realiza o Ato em Memória das Vítimas da Violência Policial - 5 anos do Massacre de Paraisópolis
É lançado o site Os 9 que Perdemos e o relatório Pancadão: uma história da repressão aos bailes funk de rua na capital paulista.
A violência policial é um problema gravíssimo que atinge, principalmente, os homens jovens negros e periféricos no Brasil.
O Movimento de Familiares das Vítimas do Massacre em Paraisópolis está à frente da busca por Verdade e Justiça para seus filhos mortos pela Polícia Militar do Estado de São Paulo. Desde 2019, as famílias afirmam que a narrativa de “resistência, pisoteamento e socorro” não condiz com os fatos ocorridos. As falsas narrativas dos policiais, a demora da justiça em solucionar o caso, o respaldo das autoridades à violência policial e o desrespeito com a memória dos 9 que Perdemos não permitem a paz necessária para as famílias viverem o luto.
Transformando sua dor em luta, elas se organizaram como movimento e se uniram a muitas outras famílias vítimas da letalidade policial. Se uniram também ao trabalho de investigação e pesquisa realizado pela Defensoria Pública e o Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (CAAF/Unifesp) no caso do Massacre de Paraisópolis.
Convidamos todas as pessoas a conhecerem o nosso trabalho.
O Mateus tinha 23 anos e o Eduardo, 21. Os amigos saíram juntos de Carapicuíba para tirar um lazer no Baile da DZ7. O Bruno Gabriel era de Mogi das Cruzes e estava completando 22 anos. Foi para o baile comemorar seu aniversário, levando seu amigo Gabriel Rogério, de 20 anos. A Luara Victoria, 18 anos, e o Gustavo, de apenas 14, não se conheciam, mas ambos saíram da zona sul da capital. Ela era de Interlagos, ele do Capão Redondo. Marcos Paulo, Denys Henrique e Dennys Guilherme tinham 16 anos. Cada um deles era de um canto da capital: o Marcos do Jaraguá, no noroeste, o Denys da Brasilândia, na zona norte, e o Dennys da Vila Matilde, na zona leste.
Nossos filhos e nossa filha amavam o funk, mas eles não eram somente funkeiros. Eles também eram trabalhadores e estudantes. Eles também tinham planos e sonhos. São filhos, netos, irmãos, sobrinhos, primos e amigos muito amados. E jamais serão esquecidos!
Pelo direito dos jovens periféricos à vida, à cidade e ao lazer, convidamos todas as pessoas a conhecerem Os 9 que Perdemos
Nos ajude a divulgar a verdade sobre o Massacre de Paraisópolis e a história dos 9 que Perdemos, espalhando nossos panfletos e cartazes.
Vista a camisa do movimento! Nos ajude a propagar a luta e honrar a memória dos 9 que Perdemos.
As operações policiais são a principal resposta do poder público para os bailes funk de rua no estado de São Paulo, gerando muitos casos de violência. A maioria segue invizibilizado.
A juventude periférica tem direito ao lazer e à cidade. Se você presenciou qualquer tipo de violência da polícia militar, guarda municipal ou outro agente do estado, nos bailes e fluxos, conta pra gente. A informação é nossa arma para discutir e transformar essa realidade.
O Massacre de Paraisópolis foi uma chacina com 9 vítimas cometida pela Polícia Militar do Estado de São Paulo no Baile de DZ7, em Paraisópolis, no sudoeste de São Paulo, no dia 01 de dezembro de 2019.
O Massacre de Paraisópolis aconteceu no dia 01 de dezembro de 2019.
O Massacre de Paraisópolis aconteceu no Baile da DZ7, um dos mais tradicionais e famosos bailes funk de rua do Brasil. O baile acontece na Rua Ernest Renan, no centro da favela de Paraisópolis, que fica localizada na região sudoeste da cidade de São Paulo. As mortes aconteceram em uma travessa da mencionada rua, conhecida como Viela do Louro.
12 policiais militares do 16° Batalhão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) estão sendo julgados como executores diretos do Massacre de Paraisópolis. Ao todo, 31 policiais militares do referido batalhão participaram da ação. Na época, a cadeia de comando destes policiais militares era composta pelos seguintes oficiais e autoridades políticas: coordenador operacional da Operação Pancadão, Major PM Marcelo Rodrigues Maia; comandante do 16° BPM/M, Ten Cel PM Douglas José Ferreira de Oliveira; comandante do CPAM/M-5 (Zona Oeste), Cel PM Alexander Gomes Bento; comandante do CPC (Capital), Cel PM Vanderlei Ramos; comandante-geral da PMESP, Cel PM Marcelo Vieira Salles; Secretário de Segurança Pública, Gen. João Camilo Pires de Campos; Governador do Estado de São Paulo, João Dória.
As vítimas do Massacre de Paraisópolis são os jovens: Gustavo Cruz Xavier, 14 anos; Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16 anos; Luara Victória Oliveira, 18 anos; Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos; Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos; Gabriel Rogério de Moraes, 21 anos; Eduardo da Silva, 21 anos; Mateus dos Santos Costa, 23 anos e Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos.
Em maio de 2021, após 1 ano e 7 meses de investigação no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoas (DHPP), o delegado responsável pelo Inquérito Policial indiciou por homicídio culposo 9 dos 31 policiais militares envolvidos no caso. Dois meses depois, o Ministério Público ofereceu denúncia ao I Tribunal do Júri da Capital contra 12 policiais, imputando a cada um deles uma acusação de homicídios múltiplos. Mais especificamente, 9 homicídios dolosos triplamente qualificados (motivo torpe, meio cruel e emprego de emboscada), além de lesão corporal grave. Após o recebimento da denúncia, a Defensoria Pública foi habilitada como assistente de acusação. Desde então, o processo encontra-se em fase de análise de admissibilidade pelo juiz de direito que, atualmente, está dando seguimento às chamadas audiências de instrução, nas quais todas as testemunhas arroladas no processo serão ouvidas e os policiais réus serão interrogados. Ao final dessa primeira fase, o magistrado decidirá se o caso segue para a fase de julgamento pelo júri popular. Cabe recurso da decisão.