Pesquisa

Os 9 que Perdemos: O Projeto

Desde 2019, os familiares dos 9 que Perdemos têm se colocado publicamente na luta para conhecer a verdade sobre os fatos ocorridos na noite de 01 de dezembro em Paraisópolis, pelo respeito à memória dos jovens assassinados e pela responsabilização penal dos culpados.

É também desde 2019 que uma parceria entre o Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos (NECDH) da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Universidade Federal de São Paulo (CAAF/Unifesp) vem produzindo um trabalho de investigação defensiva, pesquisa e assistência às famílias das vítimas no caso do Massacre de Paraisópolis 

Da articulação entre estas iniciativas, surgiu o projeto: Os que Perdemos

Investigação defensiva

É o conjunto de atividades de natureza investigatória, que visa construir provas para a defesa de uma pessoa ou direito. 

No caso do Massacre de Paraisópolis, a Defensoria Pública assumiu a defesa dos direitos à memória, verdade e justiça dos familiares das vítimas. Por isso, trabalhou para localizar testemunhas e evidências materiais, contribuindo com a produção de indícios ainda no contexto do Inquérito Policial.

O CAAF foi convidado, então, a fornecer apoio técnico-científico a esta investigação defensiva, realizando a análise das evidências do caso. 

Além de representar as famílias na esfera civil, a Defensoria também os representa na esfera penal, sendo, atualmente, assistente de acusação do Ministério Público. O CAAF é testemunha técnica no caso

Assistência e reparação 

Mas o projeto não se limita à investigação defensiva e à esfera penal. 

Aos poucos, a parceria entre a atuação jurídica do NECDH, o trabalho de pesquisa do CAAF e a luta do Movimento de Familiares foi ampliando os objetivos iniciais da investigação para compor um trabalho mais amplo de assistência e pesquisa multidisciplinar.

Entendemos que a pesquisa pode contribuir e até mesmo funcionar como parte de um processo de reparação, auxiliando na preservação da memória, na recomposição da verdade e na construção da justiça.   

Pesquisa

Por isso, o trabalho de pesquisa possui 3 eixos: 

A dimensão do evento busca entender a intervenção policial no baile, tomando como referência o fato de que a investigação foi estruturada a partir da narrativa policial. O objetivo foi compreender: 1) os efeitos desse fato sobre as formas pelas quais as instituições processaram e produziram dados sobre o massacre, 2) reconstruir a dinâmica dos fatos segundo as evidências disponíveis no Inquérito Policial. 

A dimensão estrutural visa contextualizar o massacre em relação aos seguintes fatores que o tornaram uma realidade possível: 1) as desigualdades que inscrevem Paraisópolis na cidade de São Paulo, 2) as faces da violência policial em termos locais e em sua relação com o papel das operações policiais nas políticas de segurança pública estaduais, 3) a construção de mecanismos institucionais de desqualificação e repressão ao funk como manifestação cultural associada à juventude negra e periférica. 

A dimensão afetiva tem por objetivo olhar para o cotidiano e os afetos e busca também refletir criticamente sobre o problema da reparação. Para tanto, serão recuperadas: 1) as trajetórias dos 9 que Perdemos, abordando suas histórias de vida, suas histórias familiares e os impactos de suas perdas no universo afetivo doméstico, 2) as violências as quais as famílias vêm sendo submetidas quando precisam buscar por memória, verdade e justiça em meio à elaboração do luto.

Nossas Produções

Paraisópolis: os 9 que perdemos

Nesta série de 6 episódios, o Podcast “1049” abriu seu espaço para os familiares dos 9 que perdemos na operação policial realizada na madrugada de 1° de dezembro de 2019 no Baile da DZ7, em Paraisópolis.

Como citar: AZEVEDO, Desirée de Lemos; QUIRINO, Maria Cristina; SANTOS, Adriana Regina; GARCIA, Fernanda; SIQUEIRA, Vanini; MORAES, Reinaldo; COSTA, Raquel; AMILCAR, Danylo. Podcast 1049_Especial: Os 9 de Paraisópolis. 2020.

Paraisópolis: 3 atos, 9 vidas

Paraisópolis: 3 atos, 9 vidas”, é um conjunto de vídeos realizado pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Universidade Federal de São Paulo (CAAF/Unifesp), o Núcleo Especializado de Infância e Juventude (NEIJ) e o Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos (NECDH) da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e os familiares das vítimas. A série de 9 vídeos apresenta os resultados de uma análise multidisciplinar sobre as mortes dos 9 que perdemos, na madrugada do dia 01/12/2019, durante ação do 16º Batalhão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) junto à festa de rua “Baile da DZ7”, em Paraisópolis, sudoeste da cidade de São Paulo.

Como citar: AZEVEDO, Desirée de Lemos; BARBOSA, Cássia; RODRIGUES, Lorrane; GACHIDO, Maria Carolina; IBRAHIM, Paula; VELLOSO, Ana Paula. Paraisópolis: 3 atos, 9 vidas (série audiovisual). 2021

O Massacre no Baile da DZ7, Paraisópolis. Relatório 1

O relatório 1 apresenta uma análise multidisciplinar sobre as mortes de 9 jovens, na madrugada do dia 01 de dezembro de 2019, durante ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) junto à festa de rua conhecida como Baile da DZ7, em Paraisópolis, sudoeste da cidade de São Paulo.

Como citar: AZEVEDO, Desirée de Lemos; BARBOSA, Cássia; RODRIGUES, Lorrane; GACHIDO, Maria Carolina; IBRAHIM, Paula; VELLOSO, Ana Paula. O Massacre no Baile da DZ7, Paraisópolis. Relatório 1: chacina policial, institucionalização do caso e a dinâmica dos fatos segundo as evidências. São Paulo: Centro de Antropologia e Arqueologia Forense; Unifesp, 2022.

Letalidade Policial na Capital Paulista (2013 – 2023): A Participação do 16° BPM/M (2024)

A análise antecipa resultados parciais da pesquisa referente à segunda etapa do projeto, que se dedica à contextualização socioantropológica do massacre. O relatório analisa a versão mais atualizada da base de dados de Mortes Decorrentes de Intervenção Policial (MDIP) da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Governo do Estado de São Paulo, que apresenta um recorte temporal de uma década (2013 – 2023).

Como citar: AZEVEDO, Desirée de Lemos; SILVA, Ariel Moreira. Letalidade Policial na Capital Paulista (2013 – 2023): A Participação do 16° BPM/M. São Paulo: Centro de Antropologia e Arqueologia Forense; Unifesp, 2024.

Tabela Mortes decorrentes de Intervenção Policial por Área de Batalhão na Capital Paulista (2013 a 2023)

A tabela mostra a distribuição dos dados oficiais de MDIP por ano por área de batalhão territorial na Circunscrição do Comando da Capital da Polícia Militar do Estado de São Paulo no decorrer de uma década. Este documento integra o relatório Letalidade Policial na Capital Paulista (2013 – 2023): A Participação do 16° BPM/M.

AZEVEDO, Desirée de Lemos; SILVA, Ariel Moreira. Letalidade Policial na Capital Paulista (2013 – 2023): A Participação do 16° BPM/M. São Paulo: Centro de Antropologia e Arqueologia Forense; Unifesp, 2024

Pancadão: uma história da repressão aos bailes funk de rua na capital paulista

A partir da construção de uma base de dados que reúne duas décadas de notícias de jornal, o relatório conta a história do surgimento das Operações Pancadão (atual Operação Paz e Proteção) como política pública para a questão dos bailes de funk de rua em São Paulo.

Como citar: AZEVEDO, Desirée; SILVA, Raquel de Oliveira; GACHIDO, Maria Carolina C.F. Pancadão: uma história da repressão aos bailes funk de rua na capital paulista. São Paulo: Centro de Antropologia e Arqueologia Forense; Unifesp, 2024.